Últimas semanas Exposição O Pasquim 50anos
O Pasquim surgiu no final da década de 60 como um projeto do cartunista Jaguar e dos jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral. Jovial e debochado, tornou-se símbolo do jornalismo alternativo durante a ditadura civil-militar brasileira, regime instaurado entre 1964 e 1985.
Responsável por realizar um jornalismo mais oralizado, o semanário ficou conhecido por suas longas entrevistas, feitas principalmente em ambientes festivos, cheias de intromissões dos colaboradores. Seu ar cômico e irreverente desafiava os preceitos morais da elite carioca. Reportagens e artigos comportamentais que falavam sobre sexo, drogas e divórcio, conquistavam leitores e promoviam discussões singulares para a época.
A exposição, que teve início em novembro de 2019, ocupa diversos espaços do Sesc Ipiranga, proporcionando uma viagem pelo tempo entre 1969 e 1991, ano da última publicação do periódico. ServiçoO Pasquim 50anos Visitação: até 12/4 de 2020 | Terça a sexta, 9h às 21h30| Sábados, 10h às 21h30| Domingos e feriados, 10h às 18h30.Grátis Sesc IpirangaRua Bom Pastor, 822 – Ipiranga | (11) 3340-2000
A exposição
Definida como uma exposição “eminentemente gráfica” por Daniela Thomas, cineasta e cenógrafa que assina a expografia junto a Felipe Tassara e Stella Tennenbaum, a história do semanário ocupa toda a Unidade com diferentes formatos.
Na Convivência, área destinada principalmente a leitura e encontro, a intervenção O Som do Pasquim traz discos de vinil lançados ao longo da história do jornal. Com fones de ouvidos e banquinhos, a estrutura apresenta obras como a primeira gravação de Águas de Março, de Tom Jobim, produção que lançou João Bosco no lado B; Caetano Veloso lançando Fagner; Jorge Bem e Trio Mocotó com participação de Leila Diniz; entre outros. Além disso, o visitante pode ouvir o LP Anedotas do Pasquim com piadas contadas por Ziraldo, Chico Anisio, Golias e Zé Vasconcelos. Ainda no espaço, uma Linha do Tempo que através de 50 capas, e textos complementares, proporcionam uma viagem pelo tempo entre 1969 e 1991, ano da última publicação do periódico.
O Quintal da Unidade recebe diferentes intervenções: As Máximas do Pasquim, coletânea de frases lema que foram publicados em todas edições, entre elas “Pasquim, um jornal a favor do contra” e “Na terra de cego quem lê Pasquim é rei” ocupam a parede do solário.
Estruturas giratórias que apresentam quadrinhos de diferentes artistas também são destaque na exposição. Cerca de 12 produções inéditas trazem Histórias da Patota contadas por artistas como Paulo Caruso, Luiz Gê, Miguel Paiva e Pryscila Vieira.
Na área superior, a Praça de Ipanema relembra o famoso bairro carioca onde o Pasquim nasceu e fez sucesso.
No Galpão da unidade, uma Redação com 26 rotativas de diversos trabalhos publicados é recriada para o público imergir na realidade do periódico. Uma mesa-vitrine traz fotos, livros e revistas selecionados pela curadoria. Além disso, os visitantes também podem ouvir histórias dos colaboradores em um telefone e redigir suas ideias em uma máquina de escrever.
Em frente a principal área expositiva, o espaço Turma do Pasquim exibe cerca de 33 integrantes da patota em homenagem aos mais de 4 mil colaboradores do jornal. Nomes como Millôr, Chico Buarque, Caetano Veloso, Vinicius de Moraes, Jô Soares e Elke Maravilha são representados em tamanho real acompanhados por uma curta biografia.
Também na área externa, A Gripe do Pasquim revive o momento em que onze integrantes do semanário foram presos. O motivo da detenção teria sido uma brincadeira: entre os conteúdos da 71ª edição e o quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, que ganhou um balão sobre a cabeça de Dom Pedro I que dizia: “Eu quero mocotó! ”. Nesse espaço serão apresentadas histórias da patota no “tempo de xilindró” através de vídeos, cartuns censurados e diversos outros registros.
Outras duas salas brincam com as diferentes formas que os redatores trabalhavam as temáticas da época. Na sala Pasquim Ativista cartazes e placas com frases cobrem as paredes e rememoram o comprometimento do semanário com assuntos como a sustentabilidade, anistia e as diretas já. O segundo espaço, denominado Pasquim Incorreto, é compostopormódulos que lembram monóculos, e traz recortes de diversos conteúdos que fizeram parte da publicação, com a proposta de que sejam vistos pelas lentes do passado e provoquem reflexões sobre o presente.
Para Fernando Coelho dos Santos, um dos curadores da exposição, “a seleção dos trabalhos que compõem a exposição propõe um olhar na trajetória desse periódico de humor através da história dos costumes e da política brasileira, tendo como protagonistas autores geniais que, mesmo nas dificuldades, mantiveram o jornal rodando. ”