Cultura 

Peças religiosas do Museu Paulista são tema de palestra

Por Jornal da USP

Nesta sexta-feira, dia 22 de setembro, às 14 horas, o Museu Paulista da USP, também conhecido como Museu do Ipiranga, promoveu a palestra Objetos Religiosos em Acervos do Museu do Ipiranga e Coleções Particulares: Trajetórias para a Pesquisa da Arte Cristã de Tradição Barroca, com a professora Silveli Maria de Toledo Russo.

Oratório da Coleção Casagrande, de acervo particular – Foto: Iran Monteiro da Silva

Silveli é doutora em História e Fundamentos da Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, tendo um longo trabalho voltado para as artes religiosas. Sua palestra teve como foco os objetos de cunho religioso que estão disponíveis no acervo do Museu Paulista e também em coleções particulares. “Falarei sobre a materialidade das peças, ou seja, a questão estética delas, mas também o seu contexto social, pois esses objetos remontam à época do Brasil Colonial.”

São peças produzidas por portugueses e trabalhadores brasileiros, oriundos principalmente do Sudeste e do Nordeste brasileiro. Ela explica que naquela época não era todo mundo que podia possuir determinadas peças. Objetos menores, com o foco na devoção, podiam ser encontrados nas casas de pessoas com menor poder aquisitivo, porém os objetos elevados a altar tinham um uso mais restrito.

Oratório do acervo no Museu Paulista – Foto: Silveli Maria de Toledo Russo

“Apenas pessoas com poder aquisitivo maior e com autorização da Igreja podiam possuir esses objetos, então eram padres, religiosos, portugueses ligados ao comércio, coronéis, entre outros.” Essa atitude, explica a professora, diz muito sobre a cultura da época. Essas pessoas recebiam autorização para ter o altar em um cômodo da casa, de acordo com as recomendações da Igreja. Possuir objetos elevados a altar permitia a essa parte da sociedade realizar ritos litúrgicos e eventos religiosos. O que os tornava reconhecidos por ter poder e riqueza.

A Igreja teve grande influência na vida da sociedade do Brasil Colonial. Segundo Silveli, a manifestação religiosa era fundamental nos costumes daquele momento, portanto, todos tinham ao menos pinturas religiosas em suas casas. “Era uma forma de eles estarem com a Igreja e estarem com Deus. Então todos queriam ter o poder de contemplar a religiosidade, mesmo não tendo poder aquisitivo.” Por isso, analisar essas peças é importante não somente pela questão artística, mas também pela perspectiva histórica e social.

 

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